Exposição “Arquimedes da Silva Santos: onde vai minha voz?…”

 

20 de abril a 23 de maio de 2023 | Escola Superior de Educação e Ciências Sociais – Politécnico de Leiria

 

A exposição “Arquimedes da Silva Santos: onde vai minha voz”, produzida pelo Politécnico de Lisboa, é um conjunto de painéis temáticos que mostram aspetos significativos da vida e da obra de Arquimedes da Silva Santos (1921-2019), poeta, médico e psicopedagogo, considerado pioneiro do neorrealismo português e precursor da Educação pela Arte em Portugal. A inauguração decorre no dia 20 de abril, às 10h30.

Com curadoria de Luísa Duarte Santos (filha do homenageado), Miguel Falcão (docente da Escola Superior de Educação de Lisboa) e Vanda Nascimento (professora da Escola Superior de Dança), e design de Cátia Rijo (docente da ESELX), a exposição foi concebida e  preparada para ser itinerante em diferentes instituições e contextos do país de algum modo ligados ao percurso do homenageado e está integrada na programação do Maio Criativo 2023 e nas Jornadas de Educação Artística e Intervenção – percursos e desafios.

 

PROLONGANDO A SUA VOZ

O seu reconhecimento como poeta começou nas páginas de periódicos de matriz oposicionista durante a ditadura, como o jornal O Diabo (desde 1938) e a revista Sol Nascente (desde 1939). Publicou vários livros de poesia: Voz velada (1958, Textos Vértice), Cantos cativos (1967, Portugália; 1986, Livros Horizonte; 2003, Campo das Letras), Poemetos locais (2016, Lua de Marfim) e Plinto (2017, Althum).

Entre Vila Franca de Xira e Coimbra, para onde foi estudar em 1942, participou no Neo-Realismo desde a sua génese. Integrou os grupos daquelas duas localidades e foi um dos responsáveis pela refundação da revista Vértice enquanto principal órgão de divulgação daquele movimento. Alguns dos seus textos, proferidos em comunicações ou publicados dispersamente, estão coligidos em Testemunho de neo-realismos (2001, Livros Horizonte).

Empenhou-se na atividade política de oposição ao regime salazarista, com responsabilidades dirigentes no Comité Regional do Baixo-Ribatejo da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas (1941-1942) e no Setor Intelectual de Coimbra do Partido Comunista Português (1942-1949), assim como no Movimento de Unidade Democrática (desde 1945), cujo hino – “Companheiros, unidos!” – tem letra da sua autoria e música de Fernando Lopes-Graça, e no Movimento de Unidade Democrática Juvenil (desde 1946). Integrou o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra – TEUC (1942-1945) e o Grupo Cénico do Ateneu de Coimbra (1945-1949), nos quais procurou esbater a dicotomia “elite”/“povo” e levar à cena um reportório de feição social, na tradição do “teatro popular”. Julgado pela sua participação em atividades de oposição ao regime ditatorial, foi sujeito a prisão política durante dezoito meses, cumpridos em dois períodos (entre 1949 e 1952).

Formou-se em Medicina (1951), na Universidade de Coimbra, e enveredou por especializações nas áreas da pediatria e da psiquiatria. Foi um dos primeiros especialistas a integrar o quadro de Neuropsiquiatria Infantil da Ordem dos Médicos (1960). Exerceu atividade clínica durante mais de cinquenta anos. Alguns dos seus estudos e ensaios na área da medicina e das terapias foram reunidos em Dificuldades escolares e “epileptoidia” (1977, IGC/CIP) e Da família à Escola: perspectivas médico-psicopedagógicas (2002, Livros Horizonte).

A formação e a experiência em pedagogia e pedopsiquiatria, o interesse pela reeducação expressiva e a sua sensibilidade estética conduziram-no a um lugar pioneiro na Educação pela Arte em Portugal, assente na “psicopedagogia da expressão artística”, área interdisciplinar que criou na interseção de domínios como a pedagogia, a psicologia e as artes. Neste âmbito, o seu pensamento e as suas propostas estão desenvolvidos em vários livros: Perspetivas psicopedagógicas, Mediações Artístico-Pedagógicas e Estudos de Psicopedagogia e Arte (1977, 1989 e 1999, Livros Horizonte) e Mediações Arteducacionais (2008, FCG).

Destacou-se no desempenho de diferentes funções: no Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian (1965-1974), como investigador e psicopedagogo; na Escola Piloto – depois Escola Superior – de Educação pela Arte (1971-1982), que cofundou e da qual foi professor e Presidente do Conselho Pedagógico; e na Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa, onde foi Professor Coordenador até à aposentação (1986-1999), mantendo-se ainda como Presidente do Conselho Artístico-Científico (até 1999).

Colaborou na criação de várias associações ligadas à complementaridade artes/educação e às terapias expressivas e teve uma participação ativa na criação da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo e do próprio Museu do Neo-Realismo.

A Universidade de Lisboa outorgou-lhe o grau de Doutor Honoris Causa (2018). A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira atribuiu o seu nome a uma praça (1994), implantou uma estátua que representa a sua figura num jardim público (2008) e condecorou-o com a Medalha de Honra do município (2019). O Presidente da República agraciou-o com duas condecorações: a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique (1998) e a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (2001). No dia do seu centenário (18 de junho de 2021), o Instituto Politécnico de Lisboa atribuiu-lhe, a título póstumo, a Medalha de Prata de Emérito e de Mérito por Serviços Prestados ao IPL, de Primeira Classe.

Esta exposição foi concebida e preparada para ser itinerante, com vista a assinalar o centenário do nascimento desta figura ímpar da cultura e da educação em diferentes instituições e contextos do país de algum modo ligados ao seu percurso. Num ano de celebração, esta exposição, cujo título recupera um verso do seu poema “Epitáfio”, torna-se num veículo privilegiado para continuar a levar longe a sua “voz”…

Curadores:
Luísa Duarte Santos (1)
Miguel Falcão (2)
Vanda Nascimento (3)
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(1) Historiadora de Arte, filha de Arquimedes da Silva Santos.

(2) Professor Coordenador da Escola Superior de Educação do IPL (coordenador da Área de Teatro e do Mestrado em Educação Artística).

(3) Professora Coordenadora da Escola Superior de Dança do IPL (docente da Licenciatura em Dança e do Mestrado em Ensino da Dança).

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Aceda ao Catálogo digital da Exposição

Assista ao vídeo da exposição, exibida no Espaço Artes, do Politécnico de Lisboa:

 

Ficha Técnica da Exposição

Curadoria
Luísa Duarte Santos
Miguel Falcão
Vanda Nascimento

Produção e Coordenação
Paulo Alexandre-Morais
Espaço Artes do Politécnico de Lisboa

Design
Cátia Rijo
Gabinete de Comunicação e Imagem do Politécnico de Lisboa

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Politécnico de Leiria

Programação
Ana Paula Proença e Sónia Gonçalves

Produção e Coordenação

Sónia Gonçalves

Design Gráfico
Francisco Moreira

Comunicação
Francisco Moreira
Liliana Gonçalves

Montagem da Exposição
Ângelo Ramiro | Politécnico de Lisboa
Serviços Técnicos do Politécnico de Leiria

Agradecimentos

Escola Superior de Educação | Politécnico de Lisboa
Miguel Serra | Politécnico de Lisboa
Vanda Nascimento | Politécnico de Lisboa
Direção da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais |IPLeiria
Ana Guerra – ESECS|IPLeiria
Bibliotecas do Politécnico de Leiria